sábado, 28 de junho de 2008

Lua Nova


Desta vez a minha noite é solitária.
Pela minha janela entra o cheirinho da maresia da Figueira e dos campos do Mondego, numa noite cálida de Verão. No céu, lua nova. Nem o luar aparece para trazer um pouco de luz à escuridão do quarto (e de mim, porque não?)
Sobre a minha cama sou uma massa que jaz inerte, sem forças nem vontade e que, embora presa à terra, permito-me em pensamento vaguear por outros espaços e outras noites, estas com luar... Foi algures por aí que ficou o meu coração. Pergunto-me se alguma vez o recuperarei.
É a sombra felina do meu gato que me traz de volta à realidade. Aninha-se no meu colo e ronrona, convidando-me a fechar os olhos e dormir um sono sem sonhos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Dia de Bola

Final de tarde no Jardim de Diana.

A cidade (e o país, atrevo-me a dizer) parou expectante frente ao ecrã da TV. Para apoiar Portugal, é o que dizem. Também eu passei indiferente por entre a multidão alheada no caminho para cá. Ninguém parece dar pela minha presença...

Sobre as ruas desertas, ouve-se o canto dos pássaros. A luz dourada do sol estende-se sobre a solidão da paz que é hoje este jardim.
Sentada no meu banco fecho os olhos, o mundo esvaziou-se e a brisa, como um bálsamo, leva para longe a minha alma. Deixo-a vaguear com as centenas de aves que cruzam os céus na esperança de alcançar alguma paz.

E quando abro os olhos, enquanto o país sofre frente à TV, sobre esta planície imensa o sol põe-se só para mim.