quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

En tus brazos

... e de repente entraste pela minha porta, com um sorriso de sol que me encheu o quarto e uns braços quentes de noite que me arrebataram do enlevo em que o sono já me havia envolvido.

O salão de baile era do tamanho do firmamento e espelhos de nuvens multiplicavam a nossa imagem enquanto rodopiávamos, perdidos do mundo, perdidos em nós, encontrados no olhar e nos braços um do outro.
Corpo com corpo, coração com coração, alma com alma, era assim que a música nos levava (ou elevava) numa dança sem fim, etérea mas imortal, imensa, para além do espaço e do tempo...

Sonhei? Não creio. O meu coração ainda bate ao ritmo da música que me vai dançando nos ouvidos. Mas tu, onde estás?

"no pares... quiero quedar-me en tus brazos..."

terça-feira, 22 de janeiro de 2008


Tu e eu, meu amor
Meu amor, eu e tu
Que o amor, meu amor
É o nu contra o nu.

Nua a mão que segura
Outra mão que lhe é dada
Nua a suave ternura
Na face apaixonada
Nua a estrela mais pura
Nos olhos da amada
Nua a ânsia insegura
De uma boca beijada

Tu e eu, meu amor
Meu amor, eu e tu
Que o amor, meu amor
É o nu contra o nu...

Adriano Correia de Oliveira

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tenho saudades...


Tenho saudades de quem tenho longe.

Gostava de ter sempre perto de mim as pessoas de quem gosto, poder abraçá-las todos os dias, olhá-las nos olhos e adivinhar o que lhe vai na alma... Até nisso o tempo é cruel. A pouco e pouco leva-me para longe aqueles de quem me permite aproximar. Um a um, todos se vão. E talvez seja o que mais longe está no mapa que mais presente se mantém...
Os dias vão-me trazendo distâncias físicas e outras barreiras que, não sendo físicas, afastam como tal e impedem mãos de se tocar, corações de serem unos.

Será que algum dia terei hipótese nesta luta contra os grãos da ampulheta?

sábado, 12 de janeiro de 2008

Ó senhor da loja

...já que a vida é curta
diga-me lá, se souber
quantos metros tem a dor

E já que ainda por cima
a vida é pesada
diga-me lá, se puder
quantos quilos tem o amor

E já que a paciência
tem os seus limites
diga-me lá quantos são
que é p´ra eu saber
se espero ou não
quando for desesperar

Sérgio Godinho, "Caramba"

Coisas de estrelas... e de lua

Van Gogh "Céu Nocturno"

O céu alentejano é portentoso. Ali vê-se o firmamento pespontado de estrelas como em mais nenhum lugar que eu conheça neste país... A luz da lua desce sobre a Terra como algo de sobrenatural, transbordado por ruas e vielas, campos e montes, iluminando o caminho das gentes que cá em baixo se movimentam sob o manto nocturno.

Vim descobrir no meu Montemor um pouco desse céu. Ao chegar de fim de semana a lua espreitava através das ameias do castelo, como que a dar-me as boas vindas; até as estrelas pareciam ter-me acompanhado no caminho do Alentejo até casa.

Curiosa, a forma como trago comigo tanta coisa, deixando contudo para trás uma boa parte de mim, talvez a que mais fundo se esconde dentro do meu peito...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Meravigliosa creatura

Tropecei há tempos numa música da rádio que me agradou bastante. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "afinal ainda há canções de amor..."

Quero partilhá-la convosco.
Alguém fez este vídeo como forma de agradecimento. Eu faço dele também o meu, para todos os meus amigos. Escolhi esta versão porque tem uma tradução, que pode ajudar a perceber melhor o que quero dizer...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008


Gostava de saber falar a língua dos anjos.

Talvez assim pudesse encontrar palavras que pudessem exprimir o que vai cá dentro nas alturas em que a alma é grande demais para caber no peito... Palavras que não me morressem nos lábios ao ser proferidas, que soubessem exactamente o que quero dizer, que fossem do tamanho da minha alma para poderem voar com ela.

Talvez eles, os anjos, me pudessem levar. Para longe, para onde o tempo não passasse, as correntes não existissem e as palavras não fossem precisas para dizer o que só os olhos podem falar...