domingo, 13 de julho de 2008

des-ilusões


Não sei se esta será porventura a última entrada deste blog.

Em pouco tempo fui sofrendo duros golpes, vindos de todo o lado, que me levaram a pensar se alguma vez valerá a pena?
De que adianta ser uma boa profissional, se a minha escola nada faz para me manter?
De que adianta ser amiga, presente, atenta, se sou esquecida nos planos dos amigos?
De que adianta ter amigos se na hora de chorar não há um ombro onde poisar a cabeça?
De que adianta amar, se esse sentimento não é recebido?
De que adianta ser amada, se continuo sozinha...

Fui vencida por um mundo que nada tem para me dar. A angústia, a frustração, a tristeza e o sentimento de inutilidade, são os sentimentos que me invadem sem que eu possa fazer seja o que for para os impedir.
Há um outro, enorme, latente, esmagador, que se encontra omnipresente e me oprime mais que qualquer um dos outros: a saudade. Saudades da noite, saudades das danças, dos olhares, do toque, do bater acelerado do meu coração que encontrava o seu uníssono num outro peito...

Agora, nada.
E porque vazia me sinto, vazio ficará este blog, que subsistirá apenas como memória... até ao dia em que também ele seja vencido.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Histórias de bichos

Tenho um gato. E um cão. Já devem ter visto fotos deles algures no meio das mensagens que vou deixando.

O primeiro, o Sancho, era já jovenzinho quando o encontrei abandonado no colégio onde eu dava aulas. "Professora, venha depressa, está ali um gatinho quase a morrer" chamaram-me os alunos. E eu corri a ver o pequeno prodígio que tremia de frio e de medo no fundo de uma caixa de sapatos que alguém lhe arranjou. Magro, quase um esqueleto que nem para miar tinha forças, muito sujo, mal-cheiroso, praticamente sem pêlo... Pensei que o desgraçado morreria em pouco tempo se ninguém o levasse. Levei-o eu. Tratei-o, dei-lhe banho, leite, comida, uma cama quentinha, um belo caixote com areia e o meu colo, que foi o seu lugar favorito durante a semana que passou comigo no T0 em que eu vivia na altura. Depois levei-o para casa dos meus pais, pois tinham mais tempo para cuidar dele que eu. Chama-se Sancho por causa da grande pança com que ficou de tanto comer nos primeiros dias em que o acolhi, tal não era a fome...


O segundo, o Mondego, é um cachorrão de 3 meses que ainda não sabe muito bem o que fazer a tanto corpo e a tanta energia. São 20 Kg de meiguice e de uma fidelidade a toda a prova. Viveu no meu quarto recentemente durante 3 semanas antes de o levar para o meu pai, que iria ser o seu novo dono. Quando chegou cá a casa parecia um ratinho assustado, acabado de ser afastado da mãe. Depois de uma bela sesta e de muito mimo passou a dormir debaixo da minha cama, junto à minha cabeceira, apesar da bela manta que tinha para se aninhar noutro lado. Todos os dias acordava com aquele focinho junto da minha cara, a lamber-me. E a alegria com que ele parecia dar-me os bons-dias... A choradeira em que ele ficava quando me via sair era depois largamente recompensada com a alegria com que me recebia no meu regresso. Parecia que só a minha presença bastava para o fazer feliz (e se houvesse um sapatito para roer também não ficava nada mal...)


Custou-me muito deixá-los a ambos. Os animais são seres extraordinários. Sempre prontos a reconhecer o carinho que se lhes dá, e nunca se esquecem de quem lhes quer bem.

Quanto ao Sancho e ao Mondego, vejo-os de quinze em quinze dias, quando vou a casa de fim de semana. Apesar de serem os meus pais que os tratam diariamente (com imenso cuidado e carinho também), quando eu chego a casa parece que o resto do mundo desaparece. A um e a outro é como se só eu importasse, e recebem-me com uma alegria que muito raramente alguma vez encontrei numa pessoa. É por isso que não sei já bem a quem prefiro ter por companhia, se as pessoas, se os animais.