As despedidas deviam ser proibidas. Não deveria ser permitido deixar ir para longe aqueles de quem se gosta. Todos os anos, esta malfadada vida de saltimbanco, que é como quem diz professor contratado, leva-me para novas paragens. Novos sítios, novo trabalho, nova casa, nova vida, novos amigos. À primeira vista nem parece assim tão mau...
O problema é que ano após ano tudo muda. O início é sempre uma descoberta, quase uma aventura. Depois assentamos e fazemos amigos. E mal damos por isso chega Julho. O doloroso mês de Julho.
A escola fica vazia, como um prenúncio do que acontece com a nossa alma quando os amigos vão embora. É claro que não vão embora de todo, pois ficam para sempre num cantinho especial cá dentro do peito, mesmo ao lado do que é ocupado pela saudade dos momentos vividos em conjunto.
Mas dói. Muito!
E não há meio de nos habituarmos. Isso, só quando o coração deixar de bater e for engolido pela escuridão da morte. Quase dá vontade de nos isolarmos sobre nós próprios... Não sei o que é pior, se o sofrimento da solidão, se a dor de ver partir os amigos.
E os meus vão todos para longe.
Devia mesmo ser proibido...