quarta-feira, 9 de julho de 2008

Histórias de bichos

Tenho um gato. E um cão. Já devem ter visto fotos deles algures no meio das mensagens que vou deixando.

O primeiro, o Sancho, era já jovenzinho quando o encontrei abandonado no colégio onde eu dava aulas. "Professora, venha depressa, está ali um gatinho quase a morrer" chamaram-me os alunos. E eu corri a ver o pequeno prodígio que tremia de frio e de medo no fundo de uma caixa de sapatos que alguém lhe arranjou. Magro, quase um esqueleto que nem para miar tinha forças, muito sujo, mal-cheiroso, praticamente sem pêlo... Pensei que o desgraçado morreria em pouco tempo se ninguém o levasse. Levei-o eu. Tratei-o, dei-lhe banho, leite, comida, uma cama quentinha, um belo caixote com areia e o meu colo, que foi o seu lugar favorito durante a semana que passou comigo no T0 em que eu vivia na altura. Depois levei-o para casa dos meus pais, pois tinham mais tempo para cuidar dele que eu. Chama-se Sancho por causa da grande pança com que ficou de tanto comer nos primeiros dias em que o acolhi, tal não era a fome...


O segundo, o Mondego, é um cachorrão de 3 meses que ainda não sabe muito bem o que fazer a tanto corpo e a tanta energia. São 20 Kg de meiguice e de uma fidelidade a toda a prova. Viveu no meu quarto recentemente durante 3 semanas antes de o levar para o meu pai, que iria ser o seu novo dono. Quando chegou cá a casa parecia um ratinho assustado, acabado de ser afastado da mãe. Depois de uma bela sesta e de muito mimo passou a dormir debaixo da minha cama, junto à minha cabeceira, apesar da bela manta que tinha para se aninhar noutro lado. Todos os dias acordava com aquele focinho junto da minha cara, a lamber-me. E a alegria com que ele parecia dar-me os bons-dias... A choradeira em que ele ficava quando me via sair era depois largamente recompensada com a alegria com que me recebia no meu regresso. Parecia que só a minha presença bastava para o fazer feliz (e se houvesse um sapatito para roer também não ficava nada mal...)


Custou-me muito deixá-los a ambos. Os animais são seres extraordinários. Sempre prontos a reconhecer o carinho que se lhes dá, e nunca se esquecem de quem lhes quer bem.

Quanto ao Sancho e ao Mondego, vejo-os de quinze em quinze dias, quando vou a casa de fim de semana. Apesar de serem os meus pais que os tratam diariamente (com imenso cuidado e carinho também), quando eu chego a casa parece que o resto do mundo desaparece. A um e a outro é como se só eu importasse, e recebem-me com uma alegria que muito raramente alguma vez encontrei numa pessoa. É por isso que não sei já bem a quem prefiro ter por companhia, se as pessoas, se os animais.

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