quarta-feira, 5 de março de 2008

Viagem


Embarquei numa viagem rumo ao desconhecido. Dentro da cesta de um balão, deixei que este me levasse através da noite e do tempo, subindo, subindo, rumo sabe-se lá onde... Como num casulo, enrosquei-me no conforto das mantas, escondi o nariz do frio que se fazia sentir e fechei os olhos. À minha volta, as nuvens serpenteavam em movimentos mágicos e etéreos, e até as estrelas pareciam brilhar só para mim. Dentro do meu refúgio estava protegida e fui conduzida docemente através do firmamento. Bastava-me estender a mão para tocar o inatingível...

Só o Tempo me trouxe de volta. Antes que desse por mim já a noite havia desaparecido e com ela o meu abrigo, onde deixei ficar o coração. Ingrato, cruel e tormentoso, assim é o Tempo. Imparável no seu caminho, espero o dia em que se compadeça de mim e não mais me arranque dos doces momentos que tão generosamente me concede, mas também dos quais tão cruelmente me aparta...

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