sábado, 23 de fevereiro de 2008

O coração que conte

"A vida não é dia sim, dia não
É feita em cada entrega alucinada
para receber daquilo que aumenta o coração"

Mafalda Veiga, Restolho

Durante a noite o meu coração encheu-se com um sentimento que, tal como fermento, cresceu mais do que eu queria. De manhã, a transbordar e à força de tanto bater, saltou-me do peito...
Agora tenho-o nas mãos. Já não é meu...


Sem a protecção dos muros que já tinha construído à sua volta e do meu corpo que impedia que o tocassem, não sei bem como mantê-lo inteiro. Vou tentando equilibrá-lo para que não caia, de mãos estendidas, uma para o proteger, a outra para o entregar. Tenho ainda a esperança que outro peito, maior que o meu, seja capaz de o acolher e sossegar. Pode ser que bata mais de mansinho e um dia possa voltar para de onde partiu, quem sabe acompanhado.

2 comentários:

Anónimo disse...

Doce lágrima que deslizas por este coração perdido... Envolve-o com a tua ternura e agarra-o para que não te fuja pelas mãos...
A noite é misteriosa e bela, a melhor companheira mas que vale uma noite bem vivida se a luz do dia te atraiçoa com uma dura realidade?!

Anónimo disse...

Esse coração inquieto, porque não sossega? Por certo terá um peito generoso pronto para o receber e acolher como se da coisa mais preciosa do mundo se tratasse. Porque não deixá-lo ir? Mas se isso não acontece, então porque o deixa fugir? Porquê deixá-lo entregue ao nada, se o nada não lhe dá valor?

O coração é o que de mais precioso temos. Se não é acolhido, esconda-o bem fundo, onde nada o possa ferir. Cuidado apenas. Não vá ficar depois presa ao seu esconderijo deixando passar ao lado o que a pode fazer feliz.