terça-feira, 29 de abril de 2008

Alma devolvida

Noites de tempestade.
Sem que eu desse conta, a minha alma foi levada de mim. O meu peito, vazio, ondulava profundamente na ânsia de que o que partiu voltasse e a dor desaparecesse... Outra vez o Tempo, meu inimigo, se arrastou em longas demoras, prolongando-se em sucessões de dias dolorosos e intermináveis.


Finalmente chegou a noite e com ela a calma para tamanho desassossego.
A claridade do luar invadiu os meus sentidos, devolvendo-me a alma que havia perdido juntamente com o sentimento que me abandonara o peito, não sei bem para onde...
Da escuridão, chamas dançarinas vão-se envolvendo em quentes volúpias de fogo que afasta o frio. Sem princípio nem fim, num movimento perpétuo, perfeito, e espalham luz e calor pelos recantos mais sombrios da tempestade passada.

Pouco a pouco vou serenando, sentindo o meu corpo repousar devagarinho como um ferido de batalhas antigas que regressa a casa.
E desperto.

Já não há noite no meu quarto. Só o luar e as chamas me ficam no coração... e com elas me entrego de novo ao sono, na esperança de voltar a sonhar.

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