sábado, 29 de setembro de 2007

Outono

Gosto do Outono.
Lá fora, a chuva canta nas janelas e o vento vai cantando quando passa pelas ameias do castelo. Quem passa pela rua arrepia-se com o vento frio que chega da Figueira e aperta um pouco mais o passo para chegar a casa. Quase que dá para sentir o cheirinho das lareiras que em breve se começarão a acender por toda a encosta.
Cá dentro o calor de casa, um chá quentinho com torradas no conforto do meu quarto, de janela rasgada sobre os campos do Mondego, e o meu gato, preguiçoso, aninha-se no meu colo e ronrona reclamando por mais mimos ao som de "Claire de Lune".

Gosto do Outono.
A sua chegada é o início de um novo ano lectivo (meu Deus, como gosto daquilo que faço...), cheio de esperanças e expectativas: dos alunos em relação à escola, minhas em relação ao que poderei fazer pelos meus alunos.
Quando vem prenuncia com doçura os dias Invernosos que fustigarão cidades e gentes, como que a amaciar o caminho para tão dura estação...

Gosto do Outono.
É como um regresso às origens mais íntimas de nós mesmos. Pouco a pouco vou-me tornando mais íntima de mim mesma, vai-se instalando a saudade do que passou e aumentado o desejo (mas também o receio) pelo que virá. Mas ao olhar para o meu gato dou-me conta de que o melhor mesmo, no Outono, é gozar com displicência estas tardes chuvosas ou douradas, aproveitar o conforto dos dias com o aroma de um bom chá e fechar os olhos de mansinho para me deixar levar pelos acordes mágicos de Debussy.



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