domingo, 10 de junho de 2007

O gato à janela

O meu gato passa a vida à janela. Encontrei-o já jovenzinho, abandonado, e desde então tem passado os dias em minha casa. À janela, basicamente.
Do seu poleiro vê o mundo que lhe passa diante dos olhos. Os vizinhos que andam por ali, os estranhos que passam, os estranhos que vão ficando e se tornam vizinhos. Com alguns de quem gosta ainda estende uma patita a ver se entendem com ele (o que, regra geral, consegue). Com os outros nem se digna a mexer um bigode, por mais momices que façam.
Observa. Só isso. Que estranhos lhe devemos parecer...
Ouve as conversas: as dos vizinhos, dos estranhos, dos outros que não são nem uma nem outra coisa. São elas que o mantêm informado daquilo que do seu poleiro não pode abarcar. Seja como for, todo o mundo lhe passa diante dos olhos.

O meu gato não sai de casa.
"Que crueldade!", é o que me dizem as pessoas.
Mas então porque é que quando lhe abro a porta para sair para o mundo lá fora, ele corre a esconder-se debaixo da cama do meu irmão? Que será que vê da sua janela?

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